sexta-feira, 23 de março de 2007

Entrevista : A banda Clemency


Após o lançamento do novo disco, Divine Legions At War, fizemos uma rápida entrevista com o batera e líder da banda, Marcelo. A banda Clemency, mesmo com desfalque em sua formação, não se limitou em fazer um trabalho tão intenso para que os resultados deste novo disco fossem satisfatórios.
A banda Clemency é de Londrina - PR, e atualmente não está fazendo shows pois seu line-up não está difinitivamente completo, mas isso não impediu o lançamento deste fabuloso trabalho.

por Max W. Ribeiro, White Metal Zone.


W † M † Z - Bom em primeiro lugar gostaria de parabenizá-los pelo novo e belíssimo, "Divine Legions at War" e é exatamente sobre ele que vamos falar.Fale-nos um pouco sobre este novo trabalho. O que podemos esperar de novidade em relação as letras, postura e propósito da banda?
Marcelo - Definitivamente, o novo trabalho é um passo a frente em tudo aquilo que já fizemos, tanto no que se refere ao contexto lírico e também sonoro. Liricamente é um álbum extremamente objetivo, ousado e principalmente desafiador. Musicalmente mantemos os aspectos positivos do Spiritual Domination, porém o material novo é ainda mais visceral e melhor estruturado. Contendo uma sonoridade mais própria da banda. O nível das novas composições estão superiores, possuindo ainda mais força e agressividade. Enfim, uma característica que desenvolvemos desde o primeiro trabalho e que agora aparece de forma mais intensa.

W † M † Z - No "Spiritual Domination", podemos perceber um vocal bem puxado para o death metal, e já neste novo trabalho percebemos um vocal um pouco mais aberto e rasgado. Porque?
Marcelo - O diferencial fica por conta das características individuais de cada vocalista. O material anterior foi gravado pelo Aramis. Embora o Luis seja efetivamente mais um guitarrista do que propriamente um vocalista. O trabalho vocal que ele exerceu me surpreendeu, as composições contém uma linha vocal muito forte. Apresentando ainda, maior variação vocal, tornando o material mais cativante e interessante ao ouvinte.

W † M † Z - Antes que surjam comentários bizarros, gostaria que você comentasse ao que se refere a letra de Blasphemy in the Altars of God? E quais os principais temas abordados nas letras do "Divine Legions at War"?
Marcelo - Não se trata de um álbum conceitual na forma tradicional, mas várias músicas têm uma ligação intencional. Por surgirem de uma mesma essência. No geral as letras remetem a uma atmosfera de guerra, conquista, vitória e supremacia diante dos inimigos da Luz. Formando verdadeiros hinos de guerra, proclamando a vitória eterna conquistada na cruz! Blasphemy in the Altars of God, contém uma crítica violenta contra o sistema religioso hipócrita da "dita" igreja cristã. "Até quando o templo que Me pertenceu, permanecerá com seus portões abertos, para as abomináveis orgias do inferno?".

W † M † Z - Muitos ainda hoje se questionam ao ver a arte usada na capa do cd Spiritual Domination. Muita gente não entendeu o que a banda quis passar com aquela arte que realmente é assustadora. Então antes que alguém me pergunte ou mande um e-mail para a banda perguntando sobre a arte do novo disco que está bem mais light, qual mensagem podemos tirar da arte do Divine Legions At War?
Marcelo - Realmente perdi a conta de quantas vezes fomos questionadas a respeito da capa do Spiritual Domination. Inclusive muitos se negaram a distribuir este material devido a capa "realmente assustadora". Porém, ela saiu exatamente da forma que a idealizamos e refletiu fielmente nossa intenção para aquele trabalho. Creio que desta vez o objetivo permaneça explícito e não restam dúvidas a respeito do que queremos transmitir com esta arte. Discordo com relação a ela estar mais "light", particularmente acho esta nova capa ainda mais extrema que a anterior. Por outro lado, a interpretação desta vez é de fácil assimilação.

W † M † Z - Sabemos que o Clemency não está com uma formação estabilizada. A banda pretende continuar caminhando e se estabilizar, ou podemos dizer que o "Divine Legions at War" foi o trabalho de encerramento das atividades do Clemency?
Marcelo - Com certeza o futuro da banda e minha vida estão onde sempre estiveram, diante do altar de Deus. Independente das adversidades a serem superadas, até segunda ordem estarei empenhado em criar novas composições. Enfim, tudo aquilo que envolve uma pré- produção, dando seqüência ao processo natural de crescimento. Ainda há muita coisa que quero explorar a nível musical, estou motivado e o próximo será... Aguardem, muita lenha ainda vai queimar!!!

W † M † Z - Se a banda estivesse com uma formação estabilizada, por onde gostariam de começar as apresentações para a divulgação do novo disco?
Marcelo - É difícil escolher um local, pois tenho recebido vários convites vindos de diversas localidades. Começando aqui pelo Paraná seguindo São Paulo, Minas Gerais, Tocantins, Mato Grosso e até extremo norte do país. Provavelmente iniciaremos as apresentações assim que definirmos o novo line up.

W † M † Z - Eu tive a oportunidade de ouvir o cd "Divine Legions at War" e particularmente acho que terá uma ótima aceitação pelo belíssimo trabalho da banda! O que você está esperando em relação à aceitação do público? Qual a sua expectativa?
Marcelo - Trabalhamos o tempo todo visando desenvolver melhor o nosso estilo. Acho que o álbum em um todo atingiu um nível satisfatório, evidente que não é perfeito. Mas é o resultado de muita luta, foram meses de arranjos, ensaios e trabalho intenso. A expectativa é que este material atinja o propósito para o qual foi criado. Ou seja, levantar vidas para o Reino e desafiar o ouvinte a uma mudança de atitude. O material foi lançado oficialmente no mês de maio pela Extreme Records. A julgar pelas pessoas que tiveram a oportunidade de analisar o material, a resposta esta sendo muito positiva.

W † M † Z - Em tempos de gravações, produção e tudo que envolve o lançamento de um cd, sempre começam a acontecer coisas que parecem que tudo vai dar errado. Quais foram as maiores ou a maior dificuldade que vocês encontraram para a finalização e lançamento do cd?
Marcelo - Seria quase impossível relatar em poucas linhas, os obstáculos enfrentados em cada etapa para que este trabalho fosse concretizado. Os que nos acompanham mais de perto entendem o que digo. Pois elas ultrapassaram a esfera simplesmente musical. No entanto prefiro relatar aqui a força e o apoio que obtivemos. Pessoas que contribuíram em muito e não mediram esforços. Para que este trabalho fosse concretizado, da melhor maneira possível. Divine Legions at War, não é a vitória de uma banda, de um selo, ou ainda de uma pessoa. É a vitória do corpo de Cristo!

W † M † Z - Como foi a preparação para as gravações deste disco levando em consideração que hoje a banda só contou com dois integrantes? Vocês convidaram alguém? Teve alguma participação especial neste disco? Marcelo - Quanto ao processo que antecederam as gravações deste material. Não tivemos maiores dificuldades uma vez que todo o processo de criação se resume a mim e ao Luis. Divine Legions at War, foi um desafio, no entanto estávamos determinados a respeito do que queríamos e as dificuldades não foram suficientes para nos impedir. Neste álbum incluímos uma faixa instrumental chamada, Ascencion of the Imperial Hordes. Onde optamos pela utilização dos teclados, que foram gravados por Karl Gustav Ellwein, do Bélica.

W † M † Z - Queria agradecer mais uma vez ao brother Marcelo pela disponibilidade de responder nossa entrevista, e aproveitando queria lhe desejar muita sorte com este belíssimo trabalho e que Deus esteja sempre te abençoando ricamente e revertendo em bênçãos para a banda Clemency. Deixe aí Marcelo seu recado!
Marcelo - Agradeço a você Max, pelo apoio ao Clemency. E pelo ótimo trabalho realizado através do White Metal Zone durante este tempo de caminhada.

Contatos:
A/c Marcelo Lopes
Av: Luige Amorese, 6084
Londrina - PR
CEP: 86071 - 350
E-mail: clemency@zipmail.com.br



Fazer atualmente no Brasil o chamado brutal death metal, não é uma das tarefas mais fáceis, não pelo estilo em si, mas sim em conseguir se destacar em meio a tantas bandas de grande repercussão não só aqui no Brasil, mas também no exterior. A banda Clemency, da cidade de Londrina (PR), está lançando neste primeiro semestre de 2003 o seu primeiro álbum intitulado "Divine Legions at War", pelo selo Extreme Records. A banda executa esta vertente mais brutal do death metal, influenciado por grandes nomes do estilo como Carcass, Suffocation e até os brasileiros do Krisiun, apesar de a banda não utilizar em demasia a técnica dos dois bumbos. A dupla Luis Carlos (vocal, guitarra e baixo) e Marcelo Lopes (bateria) são os responsáveis por este grande lançamento, por este metal tão bem executado e extremo. Dou grande destaque à ótima pegada do Marcelo, que pela gravação estar dando nítido destaque ao seu instrumento, o coloca como o diferencial do Clemency em comparação aos tantos grupos que andam surgindo por aí no mundo afora. Luis Carlos também é um componente músico, o seu vocal apesar de bem urrado é perfeito ao som da banda, mas há um pequeno problema na gravação: há a impressão que a voz do Luis ficou "atrás" dos instrumentos. Não há como encontrar no som da banda alguma grande jogada de marketing, alguma característica 100% original, mas acreditem, o death metal deste grupo (dupla) é muito forte, pesado e honesto. Os músicos realmente detonam, e isto é algo realmente necessário para as bandas de death. Maiores destaques para as músicas "Black Winds of Death" (com grandes riffs, almejando quem sabe, algumas passagens à lá heavy metal tradicional), "The Impetuous Fall..." e "Immortal Blood of Christ" (juntamente com a "Black Winds of Death, uma dos grandes destaques do CD). Em exceção à "Ascension of the Imperial Hordes" (uma faixa instrumental desnecessária na minha opinião, sem sequer uma linha de guitarra) e "Echoes From the Abysmal Gates" (por ser apenas uma introdução), todas as músicas merecem a devida atenção, especialmente as três em destaque. Se você já cansou de sempre ouvir as mesmas bandas, é fã de metal extremo (e death metal) o Clemency é uma grande pedida. A banda ainda vai longe, podem apostar! Por muito pouco não foi nota "dez"... (Lançamento: 2003)

Avaliação final: Nota 9,0
Autor do review: Paulo Finatto Jr. (paulo@brasilmetal.com)

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